2 de mar. de 2013

Mário Godoy, o destemido


Quem conheceu Mario Franco de Godoy, ex-vereador de Botucatu, líder ferroviário da Estrada de Ferro Sorocabana, perseguido e preso por diversas vezes em decorrência de sua militância política, conhece muito bem sua coerência política e ideológica. Por decreto do então governador de São Paulo, Ademar de Barros, teve sua aposentadoria cassada com fundamentação no Ato Institucional de 9 de Abril de 1964 e foi trabalhar como fiscal de bilheteria de cinemas, viajando por todo o pais, acompanhando os filmes de sucesso. Culto, sereno e equilibrado, Mário era respeitado não somente por seus companheiros de militância dentro do Partido Comunista Brasileiro e sim, por todos aqueles que com ele conviveram, no sindicalismo, na vida publica e na particular. No ultimo sábado, recebeu a visita do militante político e historiador, João Carlos Figueiroa e com este, marcou uma entrevista a ser realizada amanhã, ocasião em que falaria de sua história de vida, de suas viagens como sindicalista aos países do leste europeu, nos anos 50 e com certeza, esta entrevista seria uma verdadeira aula de história. Não deu tempo, o guerreiro destemido Mario partiu deste plano espiritual na última quarta-feira, tendo sido sepultado no mesmo dia, na cidade de Botucatu. Por ironia do destino, eu estava no Arquivo Histórico de São Paulo, retirando do Fundo DOPS cópias de suas inúmeras fichas arquivadas no extinto órgão de repressão política, com a finalidade de instruir seu processo de Anistia, junto ao Ministério da Justiça. É mais um camarada que parte, sem ver seus direitos trabalhistas solapados pela tirania arbitrária dos militares, restabelecida.

A luta continua, camarada Mário Godoy.

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