Inicialmente, solicito desculpas aos leitores do
blog, pelo sumiço. A explicação está abaixo. Um grande abraço a todos.
Quem
me conhece, sabe que sou um gotoso crônico que vive sofrendo com as crises da
tal da gota e o pior, em meu caso, é que
surgiram em diversas partes do corpo os chamados “tofos gotosos”, que na
realidade se assemelham a caroços, que nada mais são que concentrações do ácido
úrico. Começaram a incomodar especialmente os localizados no pé esquerdo e,
depois de muita relutância, resolvi procurar um especialista e providenciar a
retirada. O médico, de excelente reputação me tranquilizou, afirmando que a cirurgia
era simples e que seriam necessários pouco mais de uma semana para repouso e
retomar a vida normal. Animado, realizei os exames solicitados e marcamos a
cirurgia para 10 de fevereiro passado. Confesso que estava tranquilo demais, e
até dormi na antessala do centro cirúrgico, mesmo estando em uma desconfortável
maca. Assustei quando acordei da anestesia, ainda dentro do centro cirúrgico e
visualizei um relógio marcando 13:00 horas, afinal, a previsão era de uma hora
para a duração da cirurgia e haviam se passado três. Encaminharam para o
quarto, onde dormi, sendo agradavelmente acordado por DoceAna que havia saído,
ante a garantia de que iria para o quarto somente as 15:00 horas. Ficamos conversando,
aguardando a hora de ir para casa, afinal a cirurgia era tão simples que não
necessitava de internação. No final do dia, vim para casa, tranquilo e
esperançoso de que em poucos dias estaria retomando minhas atividades. O médico
determinou que fosse ao seu consultório na quinta-feira, 13 de fevereiro,
entretanto, na quarta, ao caminhar até o banheiro, o pé sangrou em demasia e
claro, preocupado, liguei para o médico e este mandou passar uma faixa, bem
apertada, sobre as outras ataduras e comparecer no dia seguinte ao seu
consultório. Assim, como paciente obediente, o fiz. Na quinta, ao começar tirar
as ataduras que protegiam a cirurgia, o doutor assustou com o mau cheiro que
impregnava no ambiente. Era meu pé, necrosando e fedendo.
Triste
constatação.
O
médico, com semblante assustado, disse que o ideal era procurar um cirurgião
plástico, pois o fechamento da cirurgia estaria com problemas. Assim o fiz,
procurando o doutor Marcelo Mendes, que gentilmente abriu um espaço em sua
atribulada agenda para me examinar e chegou à conclusão de que deveria me
internar. Depois de conversarmos, ligamos para o médico que havia me operado e
fomos informados que o mesmo estava de férias e assim, não poderia solicitar
minha internação. Como o cirurgião plástico não atende pelo meu convênio,
acabei sendo encaminhado para o Dr. José Roberto Rossini Sobrinho, vascular que
me internou imediatamente. Foram 11 dias de hospital, os primeiros de combate
diuturno a uma infecção que se alastrava pelo meu organismo. Ainda, decorridos
75 dias da cirurgia, estou em tratamento intensivo para fechamento da úlcera
formada, impossibilitado de caminhar e na esperança de um amanhã melhor.
Tenho
palavras de gratidão aos doutores Marcelo Mendes e em especial, ao Dr. Rossini
pelo tratamento e carinho dispensado, no combate as consequências do primário
erro médico ocorrido durante a cirurgia. Ora, quando o governo federal busca
implantar o Mais Médicos, vemos setores de branco tentarem se mobilizar
contrariamente, especialmente na questão de médicos cubanos, alegando que estes
não possuem qualificação para atenderem o povo. Cabe uma pergunta: e este
médico brasileiro que me operou, constatando um grave infecção em meu pé e não
ministrando antibióticos para combatê-la tem a qualificação necessária? Em
Cuba, se o medico cometer um erro primário deste, colocando em risco a vida de
um paciente, será processado e julgado. E aqui? Aqui o cidadão faz a cagada e
vai salgar os miúdos na praia! Brincam com a saúde de nosso povo e desfilam
sorridentes pelas ruas, como se nada tivesse acontecido. A grande e triste realidade
é que muitos médicos enxergam a medicina como negócio e buscam como diz o
caipira, enricar no seu exercício. O companheiro Fernando Casadei, costuma
dizer que o principio básico para o cidadão exercer a medicina é gostar de
gente e neste período que passei em busca de solução para meu problema
encontrei seres vestidos de branco cujos semblantes demonstravam que estavam
com nojo daquilo que viam, no caso, meu pé necrosado e fedendo. Vi de perto,
seres desprezíveis que jamais poderiam ser chamados de médicos e muito menos de
humanos. O médico brasileiro, em sua grande maioria é mercantilista,
demonstrando descomprometimento com a saúde pública e quem esteve presente na
inauguração da UPA do Núcleo Geisel em Bauru, teve a desagradável oportunidade
de ver o presidente de uma Cooperativa Médica, que hoje se diz socialista,
chutando as portas da unidade médica, demonstrando seu inconformismo com o
avanço da saúde pública, em um retrato daquilo que deseja sua categoria. Aliás,
falando em cooperativa, esta dos médicos merece uma investigação. Gastam
fortunas, realizando doações milionárias para médicos candidatos, buscando
formar uma bancada forte em todos os níveis do parlamento em defesa da medicina
privada e com certeza, o dinheiro de seus associados não é gasto exclusivamente
para aquilo que deveria ser o primordial. São coisas que ainda precisam
ser aprimoradas em nosso Brasil, doa a quem doer, afinal, a classe politica não
é a única responsável pela critica situação da saúde pública brasileira e com
toda a certeza, o mercantilismo de setores da classe médica devem ser
combatidos de frente pela sociedade civil organizada.