16 de mar. de 2013

ROMÁRIO INVESTIGA MARIN

“Eu faço parte de um partido de muitas lutas, muitas batalhas.

Batalhas que nem sempre foram vencidas, mas que sempre valeram a pena, porque expressam nosso anseio por justiça e liberdade.

Refundado, em 1985, por homens e mulheres que resistiram à ditadura militar, sofrendo perseguições e mandatos cassados, o PSB denunciou a tortura num dos seus primeiros programas de televisão, e defendeu a punição rigorosa para esse tipo de crime.

Entre meus colegas de bancada está uma mulher de luta, a deputada Luiza Erundina, defensora histórica dos direitos humanos.

Ela coordena, hoje, nesta Casa, a Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, que tem o objetivo de acompanhar e apoiar os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, na revelação de fatos, ainda obscuros, que ocorreram durante a ditadura civil-militar, no período de 1964 a 1985.

A criação da Comissão Nacional da Verdade é uma obrigação moral e política que decorre do reconhecimento, pelo Estado brasileiro, de que ele teve, sim, responsabilidade por crimes cometidos durante a última ditadura, e, por isso, deve esclarecimentos e reparação às famílias das vítimas – isto é, das pessoas que foram torturadas e assassinadas por agentes do Estado naquele período.

Esse reconhecimento aconteceu lá atrás, em 95, com a edição da Lei nº 9.140, no governo FHC.

Minha amiga Erundina deu uma contribuição importante nessa busca da verdade, quando ocupou a Prefeitura de São Paulo e determinou a abertura de uma vala clandestina localizada em um cemitério municipal, que levou à descoberta, entre as 1.049 ossadas, de corpos de OITO desaparecidos políticos. Este episódio resultou, também, na criação de uma CPI na Câmara de Vereadores da capital.

Este foi o início da abertura dos arquivos sobre aquele período.

Esta Casa, que teve suas portas fechadas durante o regime de exceção, cumpriu parte do seu dever ao atender o pleito da Deputada Erundina, e restituir simbolicamente os mandatos dos 173 deputados federais cassados pela ditadura.

Muita gente não sabe, mas o Sr. Marín, antes de entrar para o milionário negócio do futebol, chegou a ter algum destaque como político.

Ele presidiu a Câmara de Vereadores de São Paulo e, antes de se tornar governador do Estado, foi deputado estadual pela ARENA, o partido da ditadura.

Foi nessa ocasião, em 9 de outubro de 1975, que ele fez um duro pronunciamento, contra a TV Cultura, ao apartear no plenário o deputado Wadih Helu.

No seu aparte, o Deputado Marín exigia que fossem tomadas providências, segundo ele, em nome da “tranquilidade dos lares paulistanos”, como está registrado no Diário Oficial do Estado de São Paulo, do dia 09 de outubro de 1975, página 62, que solicito conste nos anais desta Casa.

Não sei que providências ele tinha em mente.

O que sei, e que todos nós sabemos, é que no dia 24 de outubro daquele mês, o Diretor de Jornalismo da TV Cultura, Vladimir HERZOG, foi convocado para depor no DOI-CODI, e apareceu morto em sua cela, no dia seguinte.

A farsa da simulação de suicídio e o culto ecumênico realizado na Catedral da Sé para protestar contra a tortura, após a divulgação da morte de Herzog, já fazem parte da nossa História.

Mesmo com medo da repressão, pois havia câmeras estrategicamente posicionadas nas saídas da igreja, filmando cada um dos participantes, 8 mil pessoas saíram às ruas e transformaram o culto ecumênico na maior manifestação do povo brasileiro contra a ditadura.

Com certeza, Senhor Presidente, muita coisa ainda falta ser esclarecida, e a sociedade brasileira tem o direito de conhecer toda a verdade.

Muitos de nós parlamentares, bem como a Presidente Dilma e o conjunto da sociedade brasileira, têm interesse em saber se o Sr. José Maria Marín, hoje presidente da Confederação Brasileira de Futebol, manteve, naquele período, alguma relação com os órgãos da repressão, como, por exemplo, o DOI-CODI.

E também se ele contribuiu com crimes de violação dos direitos humanos no país.

Perguntaram ao senhor Nilmário Miranda, Presidente da Comissão da Anistia, se a Comissão da Verdade vai revelar o que os atletas sofreram durante a ditadura. A resposta dele foi a seguinte: “o Estado tem obrigação de revelar a verdade, reparar moralmente e até financeiramente as vítimas da tirania. O país está descobrindo que o direito à verdade é um direito irrenunciável”.

Neste contexto, podemos citar craques e ídolos do nosso futebol, como Afonsinho, Nando, Reinaldo, Sócrates e Vladimir, que sofreram com a repressão.

Por isso, senhor Presidente, vou propor a realização de uma audiência pública conjunta entre a Comissão de Turismo e Desporto, que, hoje, presido, e a Comissão Memória, Verdade e Justiça, para debater o tema “o futebol e a ditadura”, e gostaria de contar com a participação da Comissão Nacional da Verdade para que compartilhe e traga tudo o que já tiver sido levantado sobre este assunto.

Quero também contar com a colaboração de todos que tenham informações sobre episódios da época, para nos ajudar a revelar a verdade que buscamos.

As suspeitas sobre o Presidente da CBF são graves e constrangedoras. Nós, atletas e ex-atletas, ficamos muito desconfortáveis com esse tipo de situação, principalmente num momento em que o Brasil se expõe ao mundo, ao se preparar para receber megaeventos esportivos.

Será que merecemos ter à frente do nosso esporte mais querido, mais popular, um esporte que orgulha o nosso povo, uma pessoa suspeita de envolvimento, ainda que indireto, com tortura, assassinato e a supressão da democracia?

Será que a CBF, que comanda um esporte intimamente vinculado à cultura nacional, pode ser dirigida por alguém que pedia a repressão a uma emissora estatal de televisão, a TV Cultura, à qual estava vinculado Vladimir Herzog?

Não podemos esquecer que a nossa seleção gera expressivos recursos financeiros à CBF, que explora nossos símbolos: o nome do país, o hino, a bandeira e suas cores. Eles geram dividendos que ultrapassam os 100 milhões por ano, só de patrocínio, sem que tenhamos a transparência devida sobre a destinação desse dinheiro.

Será que dentre 200 milhões de brasileiros, é justamente ele quem melhor preenche os requisitos?

Que imagem o Brasil passa para o mundo e para a história do futebol, tendo à frente da CBF e do COL um personagem com este perfil?

Tenho observado que a Presidente Dilma tem dificuldade de engolir o presidente da CBF. Assim como o ministro Aldo Rebelo também tem, principalmente agora, depois da divulgação da gravação em que Marín diz as bobagens que pensa sobre o Ministro de Esportes.

Quero dizer que discordo de tudo o que disse sobre o ministro, viu, senhor Marín?

Então, será que, como presidente do COL e da CBF, Marín terá tranquilidade para figurar ao lado da Presidente Dilma e do Ministro Aldo Rebelo na recepção às autoridades estrangeiras?

Acho que o Sr. Marín não tem o direito de chamar de “delinquentes”, como pode ser conferido no site da CBF, aqueles que simplesmente buscam a transparência e a verdade.

O que a sociedade brasileira reivindica é o acesso à informação, aos fatos, o que é um direito de todos, e que o Estado tem o dever de propiciar.

Os tempos de intimidação e silêncio, graças ao Papai do Céu e à sociedade brasileira, são página virada na nossa História.

E só por isso estamos aqui, podendo dizer o que pensamos.

Era o que tinha a dizer, Senhor Presidente.

Muito obrigado”.



ROMÁRIO, CBF e a VERDADE!

O ex-jogador de futebol e Deputado Federal pelo PSB/RJ, Romário está surpreendendo o meio político exercendo com seriedade e dignidade o mandato a ele conferido pelo povo carioca. Destaca-se na Camara Federal pela apresentação de projetos sociais , comprovadamente oportunos e de interesse da coletividade. Tem criticado de forma áspera o presidente da CBF, José Maria Marin, relembrando episódios marcantes e tristes do cartola-mor do futebol brasileiro. O furto de uma medalha que seria entregue a um dos jogadores do Corinthians pela conquista da Copa São Paulo de Futebol e os inflamados discursos de Marin, enquanto deputado estadual paulista, solicitando que a policia política da ditadura militar agisse contra os jornalistas da TV Cultura, a quem rotulava de comunistas. Estes discursos ocasionaram a prisão , morte e tortura de Vladimir Herzog, o Vlado. O Deputado Romário quer que a Camara Federal instale uma Comissão Parlamentar de Inquérito com a finalidade de serem investigar as latentes marucataias na entidade que comanda o futebol brasileiro e também para se averiguar o grau de comprometimento de Marin com os órgãos da repressão política, durante o regime militar.
Deputado Romário igualmente está propondo a realização de uma Audiência Pública, a ser realizada pelas Comissões de Esportes e Turismo, que preside e a Comissão Memória, Verdade e Justiça, coordenada pela Deputada Luiza Erundina, além da Comissão da Verdade Nacional, com a finalidade de ser discutido o tema “Futebol e Ditadura”, citando craques e ídolos do futebol brasileiro que sofreram com a repressão policial, citando nominalmente Afonsinho, Nando Antunes, Reinaldo, Sócrates, Vladimir, Paulo Cesar Caju, dentre outros.
Romário que dentro das quatro linhas do gramado, encantava os admiradores do futebol, com suas jogadas geniais e gols fantásticos, começa agora a encantar a comunidade brasileira como um todo, com sua atuação séria, responsável e de efetivo compromisso com a história.



JURI OU SHOW?

Terminou o juri de Mizael Bispo acusado de matar Mércia Nakashima. O julgamento transformado em reality show com trasmissão ao vivo pela tv, internet concluiu que Mizael foi o assassino de Mércia e condenou-o a pena de 20 anos de prisão, em regime fechado.Como se encontra preso há um ano e terá que cumprir 2/5 da pena, Mizael deverá permanecer preso por mais 7 anos quando poderá obter progressão da pena, passando para o regime semi-aberto e posteriormente para o aberto. A acusação parece satisfeita com a pena e claro, a defesa demonstra visivel contrariedade com seu advogado afirmando que o resultado do júri foi o maior erro judiciário registrado no Brasil e que a condenação contraria totalmente o conjunto de provas existentes no processo. Além disso, criticou o fato do juiz ter aumentado a pena em dois anos sob a alegação de que Mizael mentiu durante sua defesa. Segundo a defesa, a mentira não é considerada crime e desta forma não poderia servir para agravar a pena de seu cliente. Ao contrário da defesa, quem ficou satisfeita com o júri foi a TV Record que registrou seus maiores indices de audiencia no ano, com a transmissão ao vivo. Analistas se dividem na análise sobre a validade ou não de transmissões deste tipo. Alguns entendem ter sido positiva a iniciativa pioneira proporcionando a população saber como funciona a justiça nestes casos e que os atos judciais devem ter ampla divulgação, considerando que o Poder Judiciário é mantido pelo imposto pago pelos contribuintes. Outros entendem que existe o perigo de nos juris transmitidos ao vivo, as partes envolvidas - defesa e acusação - passem a considerar o Tribunal do Jurí como um show na qual a dignidade e a busca da verdade transformem-se em itens secundários. Efetivamente isto é um risco grave, considerando que o Júri popular, que por sua própria natureza, já é um grande teatro, com o corpo de jurados decidindo com base em emoções e impressões, e não no conhecimento da lei.

CHICO I

As espectativas de setores progressistas da Igreja Católica de que o novo papa fosse alguem comprometido com reformas que entendem ser necessárias na estrutura do Vaticano se desvaneceu com a escolha do cardeal argentino Jorge Mário Bergoglio que adotou o nome de Francisco para o seu pontificado. Como é o primeiro papa a escolher este nome, será conhecido apenas pelo nome, sem o acompanhamento tradicional de um numeral, como é a tradição. De outro lado, a escolha inedita de um papa das Américas, onde se concentra grande número de católicos, mostra que efetivamente a Igreja não está disposta a retornar aos tempos em que a predominancia de italianos era a tonica da escolha dos papas. Pela segunda vez na história, o papa não é do continente europeu. Francisco em sua primeira aparição pública solicitou aos fiéis que rezem um pelo outro, por todo o mundo para que se obtenha a fraternidade universal. Após a divulgação de Francisco como o novo papa, a Santa Sé começou a receber mensagens de congratulações de Chefes de Estado de todo o mundo, sendo que a presidenta Dilma Roussef emitiu nota cumprimentando os católicos e o povo argentino pela escolha de Francisco, afirmando que aguarda sua presença na Jornada Mundial da Juventude a ser realizada no mês de julho no Rio de Janeiro.Entretanto, surgem noticias vindas da Argentina dando conta que o hermano Chico teria sido um ardoroso dos governos militares, tendo inclusive denunciado seminaristas e padres para a repressão. Triste sina dos fiéis católicos. Um foi da Juventude Nazista e o seu  sucessor, alcagueta a serviço dos tiranos.