6 de jun. de 2013

MÁRCIO TOLEDO, O JUSTIÇADO INJUSTIÇADO!


Em 23 de março de 1971, no final da tarde, na tranqüila Rua Caçapava, travessa da Alameda Casa Branca, tombava morto Márcio Leite de Toledo, jovem de 26 anos, militante e dirigente nacional da Ação Libertadora Nacional – ALN -, organização criada pelo ex-deputado federal Carlos Marighela.Ao contrário de seus companheiros de militância política contra o regime militar, Márcio não tombou morto em confronto contra a chamada repressão da ditadura e sim, foi executado por militantes da própria organização a que pertencia, em um comando chefiado por Carlos Eugenio Coelho Sarmento da Paz, o Clemente. Márcio vinha tentando discutir com a organização um recuo tático na luta armada, considerando que as organizações vinham sendo destroçadas pela ditadura com suas principais lideranças presas, mortas ou exiladas. Defendia a ida das lideranças sobreviventes para o Chile de Salvador Allende com a finalidade de se rediscutir os rumos da luta armada e tentar em um congresso, a unificação das forças que lutavam separadamente contra o regime militar.Não sabia que no exterior, Ricardo Zarattini e Argonauta Pacheco defendiam a mesma tese. Entretanto, aqui no Brasil, sua proposta foi interpretada de forma diferente por Clemente, que entendeu que Márcio estaria vacilando na luta e que se continuasse desta forma, poderia vir a trair os chamados ideais revolucionários. Enquanto José da Silva Tavares, o Severino, delator de Joaquim Camara Ferreira continuava incólume, fazendo estragos nas fileiras da ALN, Clemente definiu pela execução de Márcio que segundo suas premonições, poderia vir a trair. A triste realidade é que Clemente arquitetou e executou Márcio, sem razões convincentes para tanto, colocando fim a vida de um jovem de 26 anos de idade que havia abandonado o conforto da família, as benesses que a classe media-alta proporciona para lutar de armas na mão contra um regime que considerava tirano e arbitrário.Sua morte esteve envolta em um verdadeiro cipoal de in certezas, durante muitos anos até que próprio Clemente em entrevista concedida ao jornalista Waldir Sanches do Jornal do Brasil, no ano de 1986 , assumiu a autoria da morte. Em uma época em que muitos caracterizam suas atividades pela omissão, sua atitude reveste-se de dignidade e de passar a história a limpo, entretanto, a auto-critica não tem o poder de um condão mágico de refazer a história, trazendo Márcio ao nosso convívio. No livro de sua autoria, Viagem a Luta armada, Carlos Eugênio afirma textualmente que “ Márcio não pode passar para a história como traidor” e desta forma, a Secretaria da Cultura do Estado, o Memorial da Resistência, o Núcleo Memória e Verdade e o Centro de Estudos Sociais Nossa Memória, Ninguém Apaga estarão promovendo neste sábado o evento O LUGAR DE MÀRCIO TOLEDO NA HISTÓRIA, à partir das 14:00 horas, no Memorial da Resistência, no Largo General Osório, 65, Luz, Sp. Com certeza, se existir outro plano espiritual, neste momento Márcio estará solicitando a palavra em uma Assembléia Celestial em busca da unificação das esquerdas e com sua calma habitual, estará afirmando:

Condenaram-me, não importa, a HISTÓRIA me absolveu!

MAIS UMA MORTE POR FALTA DE UTI

E a Saúde Pública de Bauru com sua precariedade de atendimento em diversos setores provocou mais uma vitima com a morte no dia de ontem da jovem  Gisele Valdenice Viana de 22 anos, aliás, duas vitimas considerando que a jovem estava  grávida. O caso da jovem ficou conhecido na cidade em decorrência da ausência de leitos nas UTIs da cidade, o que levou sua família a adentrar na justiça em busca de internação intensiva recomendada pelos médicos que a atendera. Durante  período de internação seus familiares demonstraram revolta com a situação  com as informações recebidas por parte dos médicos de que se tivesse sido prontamente removida, quando indicado, suas chances de sobrevida teriam aumentado de forma considerável. Entretanto, somente conseguiu ser transferida para a UTI, quatro dias depois de sua internação e ainda assim, por força de mandado judicial. Segundo familiares de Gisele, revoltados com seu óbito prematuro o caso caracteriza de forma evidente negligencia por parte dos responsáveis pela saúde publica em nossa cidade, não descartando a possibilidade de adentrarem na justiça, buscando a responsabilização do Estado e seus agentes, pela prematura morte de Gisele e da criança que esperava. Sem sombras de dúvidas, são mais duas mortes a serem contabilizadas para as precariedades da saúde pública em nossa cidade: Giedry, Gisele, aposentado Antonio Toledo são alguns dos nomes recordados neste momento, com a consciência plena de estarmos esquecendo outros bauruense que foram a óbito por falta de vagas na UTIs de nossa cidade.Em nossa cidade existiam 47 vagas de UTIs e depois das denuncias formuladas pela Jovem Auriverde e pelo Jornal da Cidade, a FAMESP criou mais cinco vagas provisórias de UTI. Urge que as autoridades de nossa cidade mobilizem-se para conquistarem juntos as autoridades do Estado e da União, vagas em números suficientes para tratamento intensivo. Bauru não pode continuar a chorar a perda de entes queridos por falta de estrutura hospitalar. Mãos a obra, senhor prefeito e senhores vereadores.