6 de jun. de 2014

A COMISSÃO DE JUSTIÇA E DA VERDADE.

Muitas criticas tem sido realizadas,  por setores retrógrados da sociedade brasileira,  em relação a implantação da Comissão Nacional de Justiça e Verdade que tem buscado resgatar a verdadeira história daquilo que efetivamente ocorreu durante a longa vigência da Ditadura Militar – 1964/1985 -. Temos que conhecer nosso passado, nossa historiografia oficial reescrita, afinal, o povo que não conhece o seu passado, não sabe e não tem direito a um futuro digno. Documentos tem sido localizados, depoimentos colhidos e poucos daqueles que pertenciam aos aparelhos repressivos da época, tem a coragem e principalmente a dignidade de contarem o que sabem. Algumas carpideiras da ditadura ou órfãos do arbítrio teimam em dizer que este passado tem que ser esquecido e que principalmente a Lei de Anistia de 1979, anistiou tanto os torturados como os torturadores foram anistiados e desta forma, inócua seria a tentativa de se punir os torturadores e mesmo seus mandantes. Esquecem-se estes defensores da impunidade que o crime de tortura é considerado como “lesa humanidade” e o de ocultação de cadáver é imprescritível, sendo ambos passiveis de julgamentos e condenação, caso existam provas suficientes para tal. Outro argumento que pode ser considerado tacanho e desonesto além de falseador da verdade é a defesa que fazem estas “cassandras do inconformismo” de levar para o banco de réus, os militantes de esquerda da época, esquecendo-se que estes foram julgados por tribunais militares e condenados, muitas vezes sem defesa. É conhecido o caso de Cabo Mariane que na auditoria declarou que não reconhecia seu depoimento prestado na polícia, em virtude de  tê-lo feito sob tortura. O juiz da auditoria militar de São Paulo, interrompeu o julgamento e a escolta conduziu o réu para uma sala daquela instituição de “justiça”. Posteriormente, no mesmo dia, Mariane reconheceu o seu depoimento na polícia. O detalhe é que estava desta vez com a mão quebrada em decorrência das novas torturas praticadas nas dependências da auditoria. Claro que os torturadores terão um julgamento diferente, já que estamos em um regime democrático, deverão serem julgados em júri popular, com direito a defesa e cobertura da mídia, ao contrario dos torturados que eram julgados sem defesa, sem divulgação pois a censura imperava e com a grande vantagem de estarem sendo julgados em um regime democrático. Precisamos parar de dar ouvido as “chorumelas” e partir para a ação, e quem souber de um amigo, parente ou mesmo vizinho que tenha sofrido perseguições durante o regime militar, deve incentivá-lo a procurar a Comissão da Verdade mais próxima e prestar seu depoimento. Se você conhece alguém que trabalhou nos órgãos de repressão – DOPS, DOI-CODI, CENIMAR -, provoque-o para contar o que sabe aos órgãos competentes, mesmo que seja de forma anônima e com os direitos a imagem preservada. Este é o momento de passarmos o Brasil a limpo, reescrevermos nossa história e sobretudo, saber com detalhes o que aconteceu com estas duas centenas de brasileiros, desaparecidos até hoje. Quem sabe de algo  errado neste período deve falar, para o bem do Brasil, lembrando-se do poeta quando diz: “quem cala, consente!”. Evidente e cristalino é o interesse daqueles que jogam contra a verdade, querem permanecer impunes para todo o sempre e a grande verdade, é que neste momento nem interessa a prisão destes vermes chamados de humanos e sim, a execração pública para que no hoje ou no amanhã, ninguém mais ouse torturar ninguém que seja acusado de “crime de opinião”. Não podemos deixar impunes, tanto criminalmente como perante a opinião pública aqueles que destilavam suas taras no corpo de um ser humano que ousava dizer não a Ditadura. Público e notório está que o povo reabilitou moralmente e popularmente aqueles destemidos brasileiros que saiam para as ruas e confrontavam de forma corajosa contra o aparato repressivo, mesmo sendo em número menor e a prova cabal desta reabilitação foi a eleição de Dilma Rousseff para a Presidência da Republica. Acusada de terrorista, assaltante de banco sem nunca ter praticado ações armadas, Dilma cumpriu três anos de cadeia durante a ditadura, acusada de participar de organização contrária aos ditadores. Dilma foi da POLOP – Politica Operária – e posteriormente da VAR-PALMARES, e sempre defendeu a organização popular coo método eficaz para a derrubada dos golpistas. Presa, torturada, julgada e condenada, Dilma estudou depois da saída da prisão e hoje, queiram ou não seus algozes, firmou-se como importante liderança politica. Indiscutivelmente, Dilma é o exemplo maior da dignidade de sobrevivência daqueles que ousaram lutar contra a tirania, pagando com intermináveis sessões de tortura e confinamento atrás das grades a sua ousadia. Necessário se faz, desta forma, uma ampla investigação por parte da Comissão da Verdade para que efetivamente nossa história seja reescrita e a verdade contada nas salas de aula, lembrando sempre que enquanto o leão não arrumar um bom historiador, sua história será sempre falseada e o caçador, o eterno vencedor.