Acabo de ler o livro Alexandre
Vanucchi Leme, escrito pelo professor Aldo Vanucchi e recentemente lançado.
Alexandre, jovem estudante de geologia da USP, morto sob torturas nas
dependências da OBAN de São Paulo, no ano de 1973, havia sido operado de
apendicite e com as torturas comandadas por Carlos Alberto Brilhante Ustra, o
local da cirurgia rompeu, ocasionando hemorragia e morte. Claro que a versão
oficial apresentada na época foi diferente, com a divulgação de que Alexandre
tentou fugir da policia politica, acabando sendo atropelado por um caminhão.
Entretanto, a leitura agradável deste livro acabou por ocasionar surpresas, com
a denúncia formulada pelo professor Aldo Vanucchi de que o tesoureiro da OBAN,
o responsável por arrecadar dinheiro para financiar a tortura contra os
opositores do regime militar era o então jovem, Nicolau dos Santos Neto, que se
tornou conhecido pelo sugestivo apelido de Lalau, e os desvios de verba que
realizou quando a frente do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. Não se
sabe, se como tesoureiro da OBAN igualmente desviou dinheiro arrecadado da
classe empresarial e destinado a equipar, manter o centro de tortura de triste
memoria. A revelação, nos deixa intrigados, pois todos sabem que as grandes
empresas eram forçadas a doarem dinheiro para os órgãos repressivos, se
equiparem e poderem combater aqueles que teimavam em ser oposição ao regime
militar.
Algumas empresas colaboravam até
de forma espontânea, inclusive uma famosa indústria gráfica de Bauru, que
sustentava as atividades da FAC – Frente Anticomunista -, sendo certo que os
sentimentos antinacionalistas continuam impregnados no clã do seu fundador, não
custando recordar recentes declarações de um de seus netos, onde este afirmou
textualmente que estaria rezando para o avião da presidenta Dilma cair. Fica
claro e latente, a preocupação da decadente burguesia nacional, em preservar
seu status, fornecendo armas e dinheiro, em tempos passados, para colaborar com
um governo ilegítimo e hoje, até rezando para um falso Deus, para que um
governo comprometido com os interesses populares, seja desestabilizado.
O tempo está comprovando os
desajustes morais e psicológicos destes representantes do falido baronato
nacional. Enquanto aquele que era o tesoureiro da repressão, coletando dinheiro
para torturar brasileiros que ousavam lutar contra a ditadura, outros, rezam
para um Deus paraguaio, para que um avião caia.
Decadência total, de pessoas acostumadas
e viciadas com o totalitarismo.
Muita coisa está errada no
governo Dilma, entretanto, até a coxinhada tem liberdade para criticar, falar
mal e até ofender. No governo, que eles financiaram, quem criticava era preso,
torturado e morto.