22 de fev. de 2013

FOI GOL DO MAGRÃO

Reproduzo aqui um texto bem humorado, do Nando Antunes em homenagem ao Magrão ( Dr. Socrátes).

Eram treze horas de uma sexta feira que não era treze, e o legendário Pinguim já começava a registrar movimento dos mais animadores, afinal, como sempre fazia muito calor neste promissor início de verão, muitos chopes seriam degustados, sendo testemunhas geladas e irresistíveis de grandes conversas e o melhor de tudo, vendo as gatas desfilando suas belezas na rua, sendo entusiasticamente comentadas e saudadas por todos em suas mesas e cadeiras, alinhadas do lado de fora, de frente para a Praça XV e em uma delas está acomodado o famoso “Trio Parada Mole” de Ribeirão- Kaxassa, Sarjeta e Aloprado -, este com seus três celulares alinhados a sua frente, como sempre. No momento em que algum toca, automaticamente se levanta com o mesmo no ouvido e como de costume, caminha falando ao fone. O cara é muito doido, porem a ligação não ocorreu e mesmo assim, levou bronca do grande líder, Kaxassa:

- Temos um problema serio para resolver e estes celulares só atrapalham e mostrando seu lado supersticioso, bateu três vezes no tampo de madeira da mesa, determinando que os três aparelhos ficassem mudos, a partir daquele momento.

Mostrando que o mé é muito e a fé pouca, os três tocaram ao mesmo tempo, para desespero do Aloprado que pegou um, pedindo para que os amigos atendessem os demais. Assim foi feito, mesmo com os companheiros de jornadas etílicas demonstrando contrariedade. Atenderam, quase simultaneamente, dizendo alô e emudecendo em seguida, além de repentinamente mudarem de cor, com cara de assustados, um olhando para o outro como se pedindo socorro ou mesmo, alguma explicação para o que acontecia ao mesmo tempo com os três. Alguns segundos depois, quem passasse por perto da mesa, ouviria a afirmação uníssona dos três Mosqueteiros da Colorado:

- Era o finado Magrão ao telefone!!!

Kaxassa e Sarjeta disseram que ainda estavam caretas, pois ainda não tinham ingerido nada de álcool e o Aloprado afirmando, visivelmente nervoso que a última vez que bebeu foi no General’s Bar em Bauru, na companhia do Barão de Porquês quando pagou um mico danado. Elocubrações alopradisticas passadas, um quis saber do outro, o que tinha ouvido no fone. Sarjeta ajeitou a indefectível gravata vermelha e disse que tinha muito chiado na ligação, porém deu para perceber que era a voz do querido amigo, que tinha ido para uma vida que dizem ser melhor e ninguém quer conhecer e que pedia para que avisassem ao atacante peruano Guerrero, do Timão, em Tóquio, para que ficasse sempre próximo a marca do pênalti porque iria usar seu corpo para fazer gols, pois não ficaria fora destes jogos, de jeito nenhum. Façam chegar ao peruano o meu recado, alguém tem que trabalhar! Foi isso que ouvi e além do mais, ao atender percebi que a ligação era originária de um numero restrito e vocês?

- Puta que pariu! Aconteceu a mesma coisa na minha ligação e o numero também era restrito e além do que você falou, Sarjeta, ele também disse que no balcão do Cine Clube Cauin, onde escrevia seus textos, encontraremos os procedimentos que devemos adotar para que o gol aconteça. Sarjeta concordou, afirmando que tinha ficado tão nervoso que esquecera deste detalhe.

Aloprado, com olhar ainda assustado, confirmou com a cabeça e ao ver o Márcio, garçom, se aproximar, pediu seis chopes, afirmando que eram dois para cada um.

- Você parou de beber, cara!, afirmou Kaxassa e Aloprado, de primeira respondeu:

- Acabei de voltar a beber, porra! Depois desta tu queria o que?

Beberam de um gole só, os choppes, não pagaram e saíram, rumo ao Cine Clube Cauim, rumando ao chegar, para o balcão, onde assustados pegaram uma folha de papel: Não havia duvidas, era a letra do saudoso amigo e o bilhete, estava assim redigido:

“ Estou numa boa, fiquem tranqüilos e não se assustem. He!He! tenho certeza de que estão no maior cagaço. As mocinhas tem medo de assombração, é? O que vocês devem fazer é fácil. Entrem em contato com o Zico que dá carta de mão no Japão e peçam a ele, para fazer chegar ao Guerrero do Timão, a minha ordem dele estar sempre na marca de pênalti e o resto deixem comigo. Agora, peçam quatro choppes, um para cada de nós e queria te agradecer, Aloprado, por você ter três celulares. Só desta forma, consegui o contato imediato de terceiro grau com meus amigos que não são de terceira e sim, de primeira. Comecem a agir e não contem para ninguém, aliás, não iriam acreditar em vocês mesmo. He! He! Beijos do Magrão!”

Pediram os choppes, sendo questionados pela atendente de que haviam somente três pessoas na mesa.

- Porra! O outro é para o Magrão, tá bom!, disse o Aloprado que neste momento fazia juz ao apelido e não era para menos.

E agora, o que fazer?

Entraram em contato com o Pedroso que estava em Bauru, no General’s Bar em companhia de seu inseparável amigo Joaquim, o conhecido Quin de Soturna, ouvindo as peripécias que o Aloprado aprontou em companhia do Barão de Porquês em sua ultima passagem pela cidade do sanduba. Sarjeta explicou a ele que não estava conseguindo contato com o Edu , irmão do Zico e que tinha um recado importantíssimo para ele, a pedido do Magrão. Tentou corrigir, dizendo que era recado deles mesmo. Pedroso achou esquisita a afirmação, entretanto, sabia da amizade deles com o Magrão, fez que entendeu e disse que o Edu , naquele horário, com certeza estaria no Clube dos Vitalícios sacaneando Walmyro e companhia, acabando por prometer que pediria para que este ligasse para Ribeirão Preto.

O Edu só não caiu da cadeira ao tomar conhecimento do inusitado pedido por achar que os amigos já tinham bebido todas, porem, acabou por prometer falar com Zico, grande amigo do eterno Magrão, o que queriam que fizesse. Zico deu credito ao pedido, considerando que nestas horas tudo é valido, acabando por ligar para seu interprete no Kashima, solicitando que o mesmo procurasse o peruano Guerrero do Timão e dissesse para que este ficasse sempre dentro da grande área, próximo a marca do pênalti, porque, ele, Zico estava com esta intuição, talvez por ter feito muitos gols assim, em campos japoneses. Falou desta forma, com medo de que se falasse que era pedido do finado Sócrates, tanto o peruano como seu interprete, não levassem a sério o recado.

Kaxassa, Sarjeta e Aloprado depois que o Zico os atendeu e posteriormente, confirmando que o peruano faria aquilo que Magrão tinha pedido, ficaram num entusiasmo só e a partir deste dia, os três se reuniam uma vez, diariamente no Pingüim. Chegavam às nove da manhã e iam embora, as duas da madrugada, com os celulares do Aloprado, alinhados na mesa, virando o objeto de desejo do trio, que nem mais viam as meninas desfilando na Praça XV. Aproximava-se a final do campeonato e nada do Magrão ligar, e eles entendiam que o amigo deveria estar muito ocupado, decidindo para o Corinthians o titulo mundial e agora, tinham a certeza de que tudo realmente era verdade, pois o peruano Guerrero tinha colocado o Timão na final.

Na verdade, o Magrão, né?

Só eles sabiam disso e se divertiam, fazendo aquilo que mais gostam de fazer, empilhando bolachas da cervejaria Pingüim e que rapidamente se transformava em uma verdadeira torre, comemorando a ajuda que deram para que o Magrão marcasse o gol do titulo, utilizando-se do corpo do Guerrero e eis que, finalmente os três celulares tocam ao mesmo tempo, e os amigos avançam para pegá-los com as mãos tremendo de emoção e alegria, dizendo um alô que mais parecia um grito de guerra que foi ouvido desde a praça XV até a Praça Carlos Gomes. Um menos atento imaginou que se tratava de um berro alusivo ao bloco e todo animado, pensou no desfile que todo ano é sensacional. Ao falar, Magrão tratou de dar um esporro, afirmando que tinha o ouvido muito sensível e que por isso se comportassem, não gritassem mais, para não levantar suspeitas. Prestem atenção: Primeiro: Tem outro recado para vocês no balcão do Cauim; 2º Parem de soltar a franga quando eu ligar, He! He! e terceiro: gostaram do gol que fiz e que levou o time a final. Escolhi o Guerrero pois ele faz juz ao nome e é bom de bola. Beijocas nas franguinhas e vamos para a final, aqui no Japão.

Rumaram em disparada para o Cauin, deixando novamente o garçom Moacir a ver navios Chegando ao Cauim, voaram para o balcão, para espanto da atendente, encontrando o tão desejado papel, onde estava escrito:

“ Como prêmio, pelo Titulo Mundial do Corinthians, quero no desfile do Bloco “O BERRO” a seguinte faixa, na frente dos passistas:

FOI GOL DO MAGRÃO, FOI GOL DO TIMÃO, FOI DE RIBEIRÂO!

Ah...ia me esquecendo, coloquem neste instante chope para nós quatro aqui no balcão e você Aloprado, mantenha os três celulares sempre a postos, pois são por eles que nos comunicaremos sempre. Aproveita e me faça um favor, tire esta porra desta etiqueta de seu óculos. Agora quero vê-los dando um pulo de punhos cerrados e estarão brindando comigo. Se vocês não sabem saltar como homem, basta olhar meu pôster, ai ao lado e fazer igual. He!He!



NANDO ANTUNES