Se estivéssemos há quatro séculos atrás, com toda a certeza uma grande fogueira estaria sendo preparada para recepcionar Padre Beto e suas opiniões divergentes com a Igreja Católica. Ao conceder entrevista externando opiniões favoráveis ao divórcio, a bissexualidade foi criticado informalmente pelo bispo diocesano D. Caetano Ferrari que exigiu que o mesmo se retratasse publicamente, atentando-se aos dogmas e orientações da Igreja. Alegando não ver a necessidade de pedir perdão, Beto anunciou seu afastamento do sacerdócio, a partir desta segunda feira. Neste afastamento perde a diocese de Bauru e consequentemente a Igreja como um todo, pois indubitavelmente Beto arregimentava em torno de si, um grande numero de fieis. E poderia Beto ter ido mais além, em suas divergências e afirmar ser contra a não prevenção da gravidez e a favor de um posicionamento crítico da igreja contra a pedofilia. Outros temas polêmicos em que a Igreja se manifesta contrariamente, como o aborto e a segunda união, poderiam ter sido abordados por Beto.
De qualquer modo, a atitude de Beto foi e é corajosa, não voltando atrás em suas declarações, não se retratando e deixando o sacerdócio, para retomar sua vida civil. Se não concorda com a totalidade dos dogmas da igreja, não faz sentido continuar no exercício do sacerdócio e desta forma corajosa, definiu por sua saída. O exemplo de Beto deveria ser seguido por integrantes de outros movimentos sociais, que teimam em permanecer nas entidades, mesmo não concordando com seus ideários, Em Bauru mesmo, temos o caso de um cidadão que se diz socialista e vota contra uma moção de repudio ao preconceituoso Marcos Feliciano. Desempenha suas atividades de forma contraria ao programa de seu partido, da forma mais natural do mundo, como se fosse o dono absoluto da verdade. Poderia se inspirar no Beto e ter uma atitude máscula, indo para outras paragens.