7 de mai. de 2015

A ESPERANÇA NÃO VAI CORRER!

Dorival Gonçalves Santos Filho, professor e doutorando em linguística tem uma história de vida que certamente causa arrepios aos coxinhas.Com quatro anos de idade adentrou a pré-escola, ao mesmo em que conhecia o lixão de Piedade-Sp., já que por desespero e fome a mãe reuniu os cinco filhos, indo ver se achava alguma coisa que aproveitasse para o sustento da família. Aos cinco anos, percorria as ruas da cidade, catando latinhas para vender aos ferros-velhos e sustentar de forma precária a família. Sem nenhuma perspectiva de vida, voltou ao lixão para trabalhar, catando recicláveis. Ainda saia pelas ruas da cidade, vendendo alface que a mãe cultivava no fundo do quintal e depois, foi trabalhar na lavoura, interrompendo os estudos na 8ª série do ensino fundamental, pela necessidade de trabalhar e colaborar com a subsistência da família. De acordo com entrevista concedida a jornalista Daniela Jacinto, do jornal Cruzeiro do Sul de Sorocaba, Dorival afirma textualmente que tão-somente voltou a estudar, quando a família começou a receber o Bolsa-Família. Graças a este programa social conseguiu terminar o ensino fundamental  e no último ano do ensino médio começou a ser incentivado por professores, para prestar vestibular e tentar o PROUNI, pois viam nele um enorme potencial para ser professor. Estudando com os livros de sua biblioteca particular, passou o ano se preparando, passando no vestibular para cursar Letras na UNESP. Dorival relembra a primeira aula que ministrou , em um Colégio de Santa Catarina:
 “ Foi surreal quando entrei numa sala de aula como professor. Tive que conter as lágrimas”.
Emocionante a história de vida de Dorival e confesso que chorei ao ler a bela matéria de Daniela Jacinto, que já está recortada e guardada em meus arquivos, como preciosidade para o amanhã.
Resolvi relatar este caso, para divulgá-lo o máximo possível, como exemplo de perseverança de alguém que não foi bafejado pela decantada sorte, ao nascer. Ao escrever, recordo-me de frase escrita pelo revolucionário bauruense, Márcio Leite de Toledo, o Carlos, da Ação Libertadora Nacional – ALN -, que em carta escrita aos pais, afirmava:
“ Não vou ficar sentado esperando de forma paciente o futuro  que o destino me reserva e sim, vou lutar para ter o futuro que desejo”.
Márcio não teve oportunidade de usufruir do futuro que ajudou a construir, tendo a vida ceifada pelos próprios companheiros de organização, com a absurda alegação de estaria vacilando na luta contra a Ditadura e que desta forma, poderia vir a trair a organização. Dorival, ao contrário, conseguiu realizar um sonho que julgava impossível e mostra-se eternamente grato aos projetos sociais implantados por Lula, no comando do Brasil. Tenho a absoluta certeza que por todo o Brasil, encontraremos centenas, milhares de casos parecidos com o de Dorival, de pessoas oriundas das classes tidas como menos favorecidas e que graças à Bolsa-Família, ao PROUNI conseguiram estudar e se formar.
E a quem incomoda esta situação?
Ao decadente baronato nacional e seus legítimos representantes na vida partidária nacional, sem sombra de dúvidas. O PSDB, o DEM que adentraram na justiça com o proposito de acabar com o PROUNI, com o MAIS MÉDICOS e outros projetos sociais do governo federal. Estes que vivem chamando o Bolsa-Família de Bolsa Esmola, inconformados com a pequena melhoria de qualidade de vida de boa parte do povo brasileiro. Existem, claro, coisas erradas na condução da politica nacional e estas distorções precisam ser corrigidas, entretanto, não podemos desmerecer aquilo que tem dado certo.

Dorival me fez viajar ao passado, recordando-me de um telefonema que atendi no Comitê Eleitoral de Tuga Angerami, durante a campanha eleitoral de 2000, para a Prefeitura de Bauru. Um senhora muito emocionada queria conversar com o Tuga, para contar que seu filho que havia se iniciado na musica, nas Oficinas montadas pelo Conselho de Ação Cultural – CAC -, embrião da Secretaria da Cultura, comandado pelo companheiro Ivonyr Rodrigues Ayres, o Ivo, havia dado sequencia aos estudos na área e acabado de conquistar um bolsa de estudos na Orquestra Sinfônica de Barcelona. Em nossa Bauru, o C.A.C. era tão criticado nos anos 80, como o Bolsa-Família de hoje e claro, as criticas vinham da burguesia decadente que achava e acha que cultura e educação, não são coisas para pobre.