Finalmente os julgamentos dos policiais envolvidos no chamado massacre do Carandiru, ocorreu ontem, com cada um dos 25 policiais envolvidos sendo condenado a pena de 624 anos de prisão, acusados de participação direta na morte de 52 das 111 mortes, ocorridas em 02 de outubro de 1992. O Juiz Rodrigo de Aguirre Camargo, determina ainda na sentença que os nove policiais militares que ainda estão na ativa deverão perder seus cargos públicos. Este processo está longe de chegar ao fim, considerando que todos os condenados poderão recorrer da decisão proferida nesta madrugada, em liberdade. O tema é complexo e desperta paixões, afinal o Policia Militar invadiu o Presídio com a intenção de debelar um principio de rebelião e entrou atirando para matar, promovendo verdadeira chacina naquele estabelecimento prisional. Muitos defendem a ação policial, afirmando que esta se defendeu dos presos, revidando possíveis ataques e este revide acabou provocando as mortes. Outros afirmam que os presos estavam desarmados e que a grande quantidade de mortos com tiros na cabeça, nas costas ou conforme comprovam os laudos periciais, quando estavam agachados ou deitados demonstram claramente que os mesmos foram executados. As próprias autoridades, afirmam que o episódio deve servir de lição para o hoje e o amanhã, para que não se repitam. O dr. Dráuzio Varella, faz parte da turma que entende que ocorreu um massacre injustificável, pois a rebelião ocorria no chamado pavilhão dos primários e que se a direção do presídio tivesse sido ouvida e sua opinião acatada pelo comando da PM, nada disto teria ocorrido, afina, segundo Varella, bastava cortar o fornecimento de água e energia elétrica para o pavilhão 9, que em questão de 24 horas a rebelião seria sufocada, sem derramamento de sangue. Uma única coisa é certa, a morte de 111 brasileiros, considerados criminosos e sentenciados pela Justiça, não resolveu a questão da violência e muito menos a da superlotação carcerária. A cadeia, o segregamento do individuo da sociedade é previsto com o intuito de se reeducar o cidadão, para voltar a viver em comunidade e não para morrer, principalmente sendo executado sem defesa. Que o Carandiru sirva de exemplo de forma perene para nossas autoridades.