Dorival
Gonçalves Santos Filho, professor e doutorando em linguística tem uma história
de vida que certamente causa arrepios aos coxinhas.Com quatro anos de idade
adentrou a pré-escola, ao mesmo em que conhecia o lixão de Piedade-Sp., já que
por desespero e fome a mãe reuniu os cinco filhos, indo ver se achava alguma
coisa que aproveitasse para o sustento da família. Aos cinco anos, percorria as
ruas da cidade, catando latinhas para vender aos ferros-velhos e sustentar de forma
precária a família. Sem nenhuma perspectiva de vida, voltou ao lixão para
trabalhar, catando recicláveis. Ainda saia pelas ruas da cidade, vendendo
alface que a mãe cultivava no fundo do quintal e depois, foi trabalhar na
lavoura, interrompendo os estudos na 8ª série do ensino fundamental, pela
necessidade de trabalhar e colaborar com a subsistência da família. De acordo
com entrevista concedida a jornalista Daniela Jacinto, do jornal Cruzeiro do
Sul de Sorocaba, Dorival afirma textualmente que tão-somente voltou a estudar,
quando a família começou a receber o Bolsa-Família. Graças a este programa
social conseguiu terminar o ensino fundamental
e no último ano do ensino médio começou a ser incentivado por professores,
para prestar vestibular e tentar o PROUNI, pois viam nele um enorme potencial
para ser professor. Estudando com os livros de sua biblioteca particular,
passou o ano se preparando, passando no vestibular para cursar Letras na UNESP.
Dorival relembra a primeira aula que ministrou , em um Colégio de Santa
Catarina:
“ Foi surreal quando entrei numa sala de aula
como professor. Tive que conter as lágrimas”.
Emocionante
a história de vida de Dorival e confesso que chorei ao ler a bela matéria de
Daniela Jacinto, que já está recortada e guardada em meus arquivos, como
preciosidade para o amanhã.
Resolvi
relatar este caso, para divulgá-lo o máximo possível, como exemplo de
perseverança de alguém que não foi bafejado pela decantada sorte, ao nascer. Ao
escrever, recordo-me de frase escrita pelo revolucionário bauruense, Márcio
Leite de Toledo, o Carlos, da Ação Libertadora Nacional – ALN -, que em carta
escrita aos pais, afirmava:
“
Não vou ficar sentado esperando de forma paciente o futuro que o destino me reserva e sim, vou lutar
para ter o futuro que desejo”.
Márcio
não teve oportunidade de usufruir do futuro que ajudou a construir, tendo a
vida ceifada pelos próprios companheiros de organização, com a absurda alegação
de estaria vacilando na luta contra a Ditadura e que desta forma, poderia vir a
trair a organização. Dorival, ao contrário, conseguiu realizar um sonho que
julgava impossível e mostra-se eternamente grato aos projetos sociais
implantados por Lula, no comando do Brasil. Tenho a absoluta certeza que por
todo o Brasil, encontraremos centenas, milhares de casos parecidos com o de
Dorival, de pessoas oriundas das classes tidas como menos favorecidas e que
graças à Bolsa-Família, ao PROUNI conseguiram estudar e se formar.
E
a quem incomoda esta situação?
Ao
decadente baronato nacional e seus legítimos representantes na vida partidária
nacional, sem sombra de dúvidas. O PSDB, o DEM que adentraram na justiça com o
proposito de acabar com o PROUNI, com o MAIS MÉDICOS e outros projetos sociais
do governo federal. Estes que vivem chamando o Bolsa-Família de Bolsa Esmola,
inconformados com a pequena melhoria de qualidade de vida de boa parte do povo
brasileiro. Existem, claro, coisas erradas na condução da politica nacional e
estas distorções precisam ser corrigidas, entretanto, não podemos desmerecer
aquilo que tem dado certo.
Dorival
me fez viajar ao passado, recordando-me de um telefonema que atendi no Comitê
Eleitoral de Tuga Angerami, durante a campanha eleitoral de 2000, para a
Prefeitura de Bauru. Um senhora muito emocionada queria conversar com o Tuga,
para contar que seu filho que havia se iniciado na musica, nas Oficinas
montadas pelo Conselho de Ação Cultural – CAC -, embrião da Secretaria da
Cultura, comandado pelo companheiro Ivonyr Rodrigues Ayres, o Ivo, havia dado
sequencia aos estudos na área e acabado de conquistar um bolsa de estudos na
Orquestra Sinfônica de Barcelona. Em nossa Bauru, o C.A.C. era tão criticado
nos anos 80, como o Bolsa-Família de hoje e claro, as criticas vinham da
burguesia decadente que achava e acha que cultura e educação, não são coisas
para pobre.
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