17 de jan. de 2013

ALCAGUETA OU CACHORRO OU GANSO?

Em entrevista concedida a revista Claudia, a publicitária Clarice Herzog, viúva de Vlado comentou as lutas que travou ao longo dos anos para desmascarar a versão oficial de suicídio do jornalista e a grande vitória que conquistou na Comissão Nacional da Verdade que determinou que o atestado de óbito de Vlado fosse alterado, constando como causa da morte, a tortura a que foi submetido nas dependências do DOI-CODI em Sp. A publicitária considera que sua luta não terminou e quer a punição dos carrascos da ditadura, afirmando não se conformar em pagar impostos e parte destes serem destinados ao pagamento de delatores e torturadores confessos. Aliás, recentemente a presidenta Dilma Roussef negou-se a receber em audiência o presidente da CBF, senhor José Maria Marin que enquanto deputado estadual na Assembléia Legislativa de São Paulo realizou reiterados discursos solicitando ao Delegado Fleury que adotasse providencias contra os comunistas que segundo ele estavam “incrustados” na estatal TV Cultura. De suas delações, diversos jornalistas foram presos, dentre eles Vlado que foi assassinado. Interessante se registrar que o dedo-duro, popularmente conhecido como “ganso” ou “cachorro” busca viver as sombras do poder, não interessando quem seja o seu detentor, comprovando que são elementos desprovidos de capacidade profissional para conseguirem a sobrevivência na vida privada e o pior, sempre encontram padrinhos encantados com sua submissão e bajulação, não atentando que para o cachorro nada custa, no amanhã, entregar o padrinho de hoje. Temos casos de delatores que anos depois de suas mortes, são lembrados pelas atrocidades que cometeram. Em Bauru mesmo, um delator nos idos de 1964 denunciou de forma torpe, covarde e mentirosa o professor da Rede Ferroviária, professor Romeu Cajueira de Freitas, transformando sua vida em um verdadeiro inferno e ainda hoje, em idade avançada continua com o mesmo vício de 50 anos atrás. Tivemos outro caso de um funcionário da Rede Ferroviária que participou do ato de fundação do Comitê de Anistia em nossa cidade, no início de 79 e foi delatado por um superior, acabando por ser exonerado da ferrovia.

Nosso povo precisa formar, construir sua memória, excluindo dela a torpe figura do delator que muitas vezes levanta algo inverídico contra alguém, na sua busca incessante de um lugar na sombra do poder. Lamentável que alguns alpinistas políticos continuem a acreditar nestes seres desprezíveis, chegando a brigar para que estes alcancem seus objetivos. Ainda bem que estas coisas não acontecem em nossa Bauru ou será que acontecem e não tomamos conhecimento.

Nenhum comentário: