8 de abr. de 2013

JULGAMENTO DO CARANDIRU

21 anos depois dos fatos que abalaram a opinião pública, começa hoje o julgamento do “Massacre do Carandiru” que ocasionou a morte de 111 presos do pavilhão 9, do hoje desativado presídio. Um inicio de rebelião em que os presos não fizeram reféns e poderia ter sido debelada pela experiência dos carcereiros e direção do presídio, bastando cortar a agia, comida e luz do pavilhão, afinal, sem reféns não havia necessidade de pressa para debelar o motim e na manhã seguinte, os presos estariam prontos para negociar. Ao contrário, sem a autorização da direção do presídio, diversas unidades da Polícia Militar, sob o comando do Coronel Ubiratan, já falecido, invadiram o presídio promovendo uma carnificina sem precedentes na história prisional brasileira. Qualquer que seja o resultado do julgamento a ser iniciado hoje, tem-se a certeza de que a justiça não será realizada plenamente, afinal, com a morte do Coronel Ubiratan, assassinado por uma ex-namorada, foi com ele para o tumulo o nome da autoridade que determinou a invasão naquele momento e desta forma, o mandante da chacina está livre para todo o sempre.

O desconhecido autor da ordem de se invadir o Carandiru, igualmente pode ser considerado o mentor intelectual da organização dos presos no Primeiro Comando da Capital, o PCC e tanto isto é verdade que no julgamento que hoje se inicia, tanto a defesa como a acusação sustentarão que o PCC é um subproduto da ação policial que vitimou os 111 presidiários do Carandiru. As mortes ocorreram em outubro de 1992 e a facção surgiu em agosto de 1993, em um presídio de Taubaté e em um dos artigos de seu estatuto, sua criação é justificada para que novos episódios deste tipo não voltassem a ocorrer, além de reivindicar o fim da linha dura e dos maus tratos contra os presos.

Uma coisa é certa, o julgamento não será completo pela ausência do Coronel Ubiratan, comandante militar da operação e do mandante, e estará entrando para a história por personificar um momento triste e lamentável de nossa Pátria . Para finalizar, reproduzimos uma frase do Dr. Dráuzio Varella:

Entre nós, a vida humana é artigo de pouca valia.

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