Muito se fala em exploração de
mão de obra infantil em nosso país, com defensores da ideia justificando que
criança é para estudar e não trabalhar. Entretanto, acompanhamos diariamente
pela imprensa que existem centenas de crianças, aliciadas por empresários de
futebol, profissionalizadas com a aquiescência dos pais e que mesmo na tenra
idade de 14, 15 anos de idade, treinam em dois períodos diários, com pouco
tempo sobrando para se dedicarem aos estudos, resultando no fato facilmente
constatado na leitura de sumulas de jogos de futebol, onde na frente dos nomes
de muitos atletas não constam assinaturas, comprovando a existência de muitos
futebolistas analfabetos em nosso país. É uma triste realidade, pois os pais
destas crianças, tidas como talentosas no futebol, pouco se importam com a
educação dos filhos, interessando somente o faturamento financeiro destes.
Aliás, dias atrás, foi divulgado que o Santos Futebol Clube, possui um garoto
de quinze anos, de nome Bruninho que desponta como novo craque do peixe e já,
com seus quinze anos, fatura a bagatela de R$ 30 mil reais, ao mês. Claro que
seus familiares sorriem satisfeitos com o salário do filho e fazem juras de
amor ao seu empresário, responsável direto pela manutenção da família da
promessa de craque.
O futebol brasileiro, dominado
pelos empresários, paga ônus pesado por esta, com os clubes cada vez mais
pobres, sem ter efetivamente o controle do passe do atleta e reféns desta
categoria profissional, cujos integrantes não possuem escrúpulos, ética e moral, e que, visam única e exclusivamente o vil
metal como meta. A contratação de Gilmar Rinaldi e de Mauro Silva, empresários,
para comandarem o futebol brasileiro, nos concede a certeza de que jogadores
desconhecidos estarão presentes nas próximas convocações da Seleção Brasileira,
e claro, esta estará servindo de vitrine para estes atletas que com toda a
certeza tem sua vida profissional atrelada a empresários. Aliás, a CBF promove
uma verdadeira farra do boi com o dinheiro arrecadado e que não é pouco. Neste
2014, o lucro liquido da entidade deverá superar os R$ 500 milhões de reais e
os cartolas já se articulam para a melhor forma de gastá-lo. Já foi criado um
novo cargo remunerado, ainda vago, cujo ocupante deverá embolsar a importância
de R$ 180 mil reais mensais e ganha uma garrafa de suco de cevada,
estupidamente gelado quem adivinhar quem será o sortudo ocupante desta vaga.
Se você pensou na nefasta figura
de José Maria Marin, acertou. Após deixar a presidência da CBF no próximo ano,
este alcagueta profissional terá este misero salário mensal para exercer as
funções de consultor da entidade, juntando-se a Ricardo Teixeira que recebe a
bagatela de R$ 120 mil mensais, também para prestar assessoria ao futebol
brasileiro.
Coisa de malandro refinado. Ou,
não?
Alguns deputados federais,
liderados por Romário querem montar uma CPI com a finalidade de investigarem as
maracutaias da CBF, entretanto, esbarram em dificuldades, sendo que a principal
delas é o argumento dos cartolas de que a entidade é privada e sendo privada,
não deve satisfações para ninguém. Ora, se é beneficiada com isenções fiscais,
por ser considerada de utilidade pública, suas contas tem que ser públicas e
analisadas pelos órgãos competentes. Caso contrario, que se desconsidere a tal
de utilidade pública e que passem a pagar impostos, como todos. Triste é a
realidade atual, com nosso futebol sendo comandado por um alcagueta do regime
militar, fazendo e desfazendo, como se a CBF fosse uma empresa de sua
propriedade.
Retornando ao assunto inicial deste
texto, cabe a pergunta: até quando crianças tidas como talentosas no futebol,
serão escravizadas pelos empresários? Até quando ficaremos quietos, seremos
omissos com esta realidade que se alastra pelo país? Ora, o futebol brasileiro
precisa de mudanças radicais em sua estrutura e uma delas, em caráter
prioritário, é a de banir esta nefasta e rendosa atividade de empresário de
jogadores, e em especial, que sejam criadas regulamentações para suas
atividades, evitando-se que crianças sejam escravizadas em pleno 2014. Queiram
ou não, seus familiares e os tais empresários.
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