Uma das heranças malditas da
ditadura militar persiste até os dias atuais quando notamos com nítida clareza
a falta de quadros políticos, efetivamente comprometidos com a justiça e
igualdade social em nosso pais. O que
vemos com raras exceções, são políticos interessados em arrumar “boquinha” para
apoiadores de suas campanhas e igualmente em busca de algum negócio da china
que lhes permitam acertar a vida, sem
esforço ou muito trabalho. Esta é a triste realidade que assistimos em nosso
país, decantado como pais do carnaval e pátria das chuteiras. Nem vamos nos
ater em plano estadual ou federal, preferindo ficar com as coisas de nossa
Bauru.
Até 1975, vereador não recebia
subsídios e consequentemente os partidos tinham que caçar pessoas com a
finalidade de lança-los como candidatos, e não surgiam lideranças de movimentos
populares com esta intenção. Mesmo assim, a Câmara Municipal de nossa cidade,
possuía duas sessões semanais, às segundas e quintas, no período noturno,
possibilitando que a população acompanhasse o que se discutia em nossa pretensa
Casa de Leis. O saudoso amigo e companheiro, Isaias Daibem, afirmava em alto e
bom som que a Câmara era a caixa de ressonância da cidade. E mais, vereador não
tinha gabinete e nem assessores diretos, utilizando-se os funcionários da casa,
para desempenharem seus mandatos. A mordomia dos vereadores, eram sanduiches fornecidos
pelo saudoso Lanches Molina e quando as sessões terminavam tarde da noite, o
carro oficial do nosso legislativo levava para suas residências, os vereadores
que não possuíam veiculo. Edison Bastos Gasparini e Oswaldo Caçador eram
fregueses assíduos de Waldemar, o motorista da Câmara.
Instalaram-se gabinetes,
telefones, computadores, criaram-se cargos de assessores, loteiam cargos
comissionados da administração e as sessões passaram para o período vespertino,
e uma única vez por semana. De graça, os vereadores trabalhavam e produziam
mais para a comunidade.
Hoje, é comum vereador faltar às
sessões da Câmara, para curtir uma praia ou mesmo passear pelo belíssimo
roteiro gastronômico de Minas Gerais, pouco se importando com a opinião pública
e com os eleitores que o elegeram.
Decididamente, faltam quadros
comprometidos com os problemas da cidade, que possam vir a fazer a diferença no
amanhã e claro, conscientização politica de nosso povo, para que votem
efetivamente naqueles que possuam as melhores propostas para a comunidade, e
não, pelo fato do cidadão arrumar medicamentos, consultas médicas e quebrar
galho aqui e acolá, cevando o eleitor para este sufragar seu nome na urna.
As sessões do legislativo
municipal tem que retornar ao período noturno, urgente, para que o povo possa
fiscalizar de perto, o seu funcionamento.
Com a palavra, os senhores
vereadores.
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