A ética e a coerência ideológica sofreram grande perda com o falecimento do professor Isaias Daiben neste 24 de Outubro. A solidariedade, o humanismo de Isaias são sementes que devem ser preservadas na esperança de que germinem e ofereçam frutos de qualidade para nossa população. Socialista convicto, católico praticante buscou ao longo de seus 73 anos neste plano espiritual, praticar o bem diuturnamente. Raras vezes vimos o companheiro desanimado ou querendo abandonar as bandeiras que defendia com paixão extremada. Dono de um senso de humor refinado, estava sempre presente nos principais movimentos de nossa cidade, desde o início da década de 60, quando participava da Juventude Estudantil Católica – JEC – e na extinta Federação Bauruense Estudantina – FBE – que congregava os estudantes secundaristas da cidade. Enquanto ferroviário participava das atividades da Associação Profissional dos Ferroviários da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Pai de família amoroso e preocupado com o presente e o futuro de seus filhos, não deixava de visitar periodicamente irmãs, primos, tios, em busca de um estreitamento cada vez maior. Da esposa Ana Maria, falava com amor que contagiava seus interlocutores. Adepto do dialogo, conseguia conversar com pessoas de todas as matizes ideológicas e nunca vimos o criticar de forma áspera quem quer que seja, demonstrando ser um democrata na acepção do termo, mesmo não obtendo a mesma contrapartida de seus adversários no campo político. Poucos sabem, Isaias durante os hoje romanticamente chamados “anos de chumbo” chegou a ser proibido de lecionar, por ser considerado elemento subversivo pelos agentes da repressão política. Nos últimos sete anos, voltamos a conviver quase que diariamente, e todas as vezes que ia para Bauru, encontrava-me com Isaias. O escritório do companheiro e amigo Joaquim Mendonça era o nosso QG, onde discutíamos política, a conjuntura, saboreávamos um suco de cevada com Isaias era o nosso maior incentivador na busca de resgatar a verdade histórica dos movimentos populares de nossa cidade. A partir de agora, quando nos reunirmos para um bate papo ou mesmo, um aperitivo, a mesa do amigo Joaquim estará desfalcada de forma perene do bom senso e do humor refinado do companheiro Isaias que fará não somente ali, mas em todos os setores em que participava. Tenha a certeza, caro e estimado que seus companheiros e familiares continuarão a defender suas bandeiras, não as deixando atiradas ao chão.
PS: Por ironia do destino, foi sepultado em 25 de outubro, data do assassinato de outro grande humanista, Vlado Herzog.
Nenhum comentário:
Postar um comentário